Além de aumentar a oferta de formação continuada para os coordenadores pedagógicos, deve-se investir na qualidade dos conteúdos
1 Identidade profissional
Para
acertar o foco, ele precisa entender sua função na escola. Eliane Bruno
lembra de um programa de formação da qual participou em que, por sua
importância, um semestre era dedicado ao tema: "Induzíamos a uma
reflexão sobre as atribuições do coordenador usando leituras de
experiências práticas e promovendo um diálogo com a teoria." Para ela, a
troca de experiência entre os pares nos encontros ajudou a atingir a
meta.
2 Concepção de formação
Se
essa é a essência do trabalho da coordenação pedagógica, quem a exerce
tem de ter consciência de que não basta encaminhar os docentes para
cursos da Secretaria ou repassar programas prontos. O trabalho do dia a
dia deve incluir o monitoramento constante das práticas em sala de aula.
"A melhor forma de disseminar a ideia é debatê-la em encontros
periódicos com profissionais da rede", diz Cybele.
3 Relações interpessoais
Para
ser articulador e formador, ele deve saber se relacionar bem. Só assim
conseguirá observar a aula sem parecer um fiscal intrometido, apresentar
críticas sem despertar raiva e integrar um professor novato. Para
desenvolver a habilidade, é possível usar diferentes linguagens, como
filmes e literatura, para aguçar a percepção e as capacidades de
observação e de escuta. Pode-se recorrer à memória, induzindo cada um a
lembrar vivências da sua trajetória e compartilhá-las com os colegas.
4 Liderança e condução de grupo
O
líder pedagógico tem de ter competência para conduzir a equipe em
reuniões de trabalho, conquistando a adesão de pessoas. Quem pensa não
ter essa habilidade pode aprender. Há diferentes estilos de liderança e
conhecê-los é a forma de buscar identificação com um e adotá-lo. E vale
incluir na formação do coordenador o estudo de teorias e técnicas sobre o
funcionamento de grupos - para saber, por exemplo, como alguém de
personalidade marcante influencia os demais.
5 Planejamento
Elaborar
uma pauta produtiva para os horários de trabalho coletivo e para
reuniões setorizadas, orientar os professores a planejar as aulas, o
semestre e o ano e criar estratégias para melhorar o trabalho em sala de
aula. O coordenador aprenderá tudo isso se contar com uma orientação
técnica contínua, que funcione nos moldes de uma tutoria. No dia a dia, o
supervisor pode fornecer conhecimentos gerais sobre planejamento e
apresentar bons modelos.
6 Estratégias de avaliação
Para
ajudar os docentes a aprimorar o trabalho, o coordenador precisa saber
observá-los em aula, analisando o conhecimento do conteúdo, a forma como
ele é ensinado e as interações. A supervisão em serviço, como uma
tutoria, é a melhor forma de fornecer parâmetros para ele criar suas
ferramentas de acompanhamento.
7 Instrumentos metodológicos
Alguns
documentos são essenciais para o líder da equipe docente. Explicar
quais são eles e como guardá-los é indispensável quando se deseja um
coordenador competente. Os planejamentos dos docentes, por exemplo, dão
pistas sobre as necessidades de ensino que precisam ser supridas e devem
ser arquivados, assim como o portfólio de cada turma, com relatos,
fotos, produções dos alunos, registro de dúvidas e notas sobre avanços,
que ajuda a avaliar a evolução de uma classe. Tudo isso pode ser
arquivado por data ou tema. A Secretaria de Educação pode organizar
seminários sobre o tema, mas é fundamental que os supervisores técnicos
detectem as deficiências particulares no uso dessas ferramentas.
8 Conhecimentos didáticos
Só
conhecendo as peculiaridades das diferentes fases de desenvolvimento da
criança e do adolescente e a forma como se aprende em cada uma delas o
coordenador é capaz de avaliar se os métodos usados em sala de aula são
apropriados. Ele precisa ainda ter clareza sobre os mecanismos de
assimilação dos adultos, pois conduz os docentes em um processo
dinâmico, no qual eles ensinam e aprendem ao mesmo tempo. Seminários
temáticos aumentam a bagagem teórica na área. Mas é a orientação
contínua que permite identificar falhas e corrigi-las.
9 Tematização da prática
Consiste
na reflexão, à luz de teorias, sobre boas práticas em sala de aula - em
geral, gravadas em vídeo. O objetivo é que o docente aprenda vendo
modelos, pensando sobre eles e discutindo-os. Cabe ao coordenador
fornecer a base teórica e indicar como aquele exemplo pode ser usado em
sala. Para evitar constrangimentos, recomenda-se que o coordenador
comece a implantar a estratégia usando gravações feitas fora da escola
para só depois fazê-las com um docente da equipe com uma atividade
anteriormente planejada em grupo. As instruções gerais podem ser
fornecidas em um workshop com os profissionais de toda a rede, mas cada
coordenador precisará de uma supervisão individualizada para implantar a
estratégia formativa em sua rotina.
10 Troca de experiências
Se
um professor fez um projeto de sucesso, outros docentes devem conhecer o
trabalho. Portanto, o coordenador precisa saber documentar,
sistematizar e compartilhar experiências. Isso pode ser feito na escola,
com a criação de um arquivo de boas práticas aberto a consultas, ou na
internet, com a organização de uma rede colaborativa, da qual docentes
de outras escolas podem participar. De novo, poderá aprender a fazer
isso com uma orientação individualizada.
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